Lagoinha do Lesta


Praia, costões, lagoa, cachoeira e mata nativa. Esses ingredientes estão todos juntos na Lagoinha do Leste, que esconde seu encanto entre os morros do sul da Ilha de Santa Catarina. Um dos últimos redutos de Mata Atlântica ainda preservados em Florianópolis, o Parque Municipal da Lagoinha do Leste, foi criado por lei em 1992 e compreende uma área de 453 hectares de beleza exuberante.

A melhor maneira de chegar à Lagoinha do Leste é a pé. De carro é impossível, não há estrada. Pode-se também ir pelo mar, com desembarque precário por causa da rebentação - ou de helicóptero, um meio nada usual. Essa relativa dificuldade de acesso tem servido, ao longo do tempo, como escudo protetor do lugar. A caminhada dá pra suar a camisa, mas também não exige habilidades de alpinista e pode ser encarada sem sacrifício por quem gosta de estar junto da natureza.

Há duas opções de trilha, cada uma com suas vantagens. Para chegar mais rápido, pode-se fazer a caminhada em uma hora a partir da comunidade do Pântano do Sul, passando pelo meio do mato e dos morros. É o acesso mais utilizado pelos visitantes. O chão é pedregoso e irregular, mas fácil de andar se você prestar atenção onde pisa. Depois da subida, tem-se a surpresa de uma vista fabulosa da Lagoinha. Aí é só descer e afundar os pés na areia da praia.

Cartão Postal

A alternativa mais longa é começar na Praia da Armação, atravessar um córrego até a praia do Matadeiro e pegar a trilha que vai pela encosta do morro na direção norte-sul, margeando pelo alto do costão à beira-mar. Dá para chegar em duas horas e meia a três horas, num passeio de cartão postal.

A paisagem é de uma beleza alucinante, com ondas estouradas nas pedras lá embaixo, os olhos d`água brotando da terra e a discreta companhia dos habitantes locais: gaivotas, passarinhos, gaviões, pequenos roedores, lagartos e - muito raramente - cobras (se elas não forem incomodadas também não vão incomodar). Apesar da trilha ser relativamente segura, não custa repetir uma dica valiosa: preste atenção onde coloca os pés. A vegetação é rasteira e espinhosa, o que pode render alguns arranhões para os mais desatentos.

A Praia da Lagoinha do Leste tem pouco mais de um quilômetro de extensão e está voltada para mar aberto. Limita-se à direita e à esquerda com costões de pedra e está cercada de morros com vegetação nativa. A lagoinha que dá nome ao lugar é abastecida por uma bacia hidrográfica de pequenos córregos que nascem na floresta. Todo esse conjunto natural abriga uma rica biodiversidade.

Um parênteses: quem já teve o privilégio de assistir, em ocasiões especiais, o espetáculo das algas fosforescentes na Lagoinha fica com a cena gravada para sempre na retina. Como num sonho fantástico, a água cintila ao menor toque, a areia molhada da margem brilha com os passos da noite.

Toda a área do parque é classificada como de "preservação permanente" pela lei nº 3.701/92. É proibido o parcelamento do solo, a abertura ou prolongamento de vias e qualquer tipo de edificação, o uso de veículos automotores, caça de animais e coletas de plantas. No início da trilha do Pântano do Sul, uma placa da Prefeitura pede aos visitantes que tragam seu lixo de volta e evitem fazer fogueiras que possam causar incêndios. O apelo, lamentavelmente, não tem sido atendido por vários visitantes, que deixam latas, garrafas, sacos plásticos, sandálias e toda sorte de detritos que sobram dos acampamentos.

Duendes Vigilantes

"O último espaço liberto da ilha virou parque municipal, mas está entregue apenas aos cuidados dos seus 'duendes', que são os surfistas e os moradores permanentes, seu Valdir e Tibúrcio", resume o cientista social Luiz Pereira, nativo da Ilha e frequentador antigo da praia. A fiscalização da Polícia Florestal e da Prefeitura Municipal é precária e não tem conseguido impedir as agressões ambientais.

No dia 5 de junho de 1995, ele coordenou um multirão de limpeza da praia com apoio do movimento "Loucos Varridos", uma ONG (Organização Não - Governamental) do Rio de Janeiro que tem entre os associados a atriz Sônia Braga. Em um dia de trabalho, foram recolhidos 50 sacos de lixo do parque.

Apesar do efeito educativo do trabalho, uma limpeza efetiva precisaria ser feita em escala bem maior. Ele é da opinião que não adianta esconder a Lagoinha do Leste das pessoas ou restringir o acesso, mas que se deve, sim, protegê-la, instalando uma guarita na entrada e deslocando mais fiscais para o lugar: "O ecoturimo é hoje uma alternativa viável, mas é preciso ser feito de forma organizada".

Dicas

Antes de começar o passeio, algumas dicas básicas. Primeiro, leve comida. A Lagoinha do Leste não tem bar, restaurante nem quitanda, e a caminhada dá uma fome canina. Uma regra básica do lugar - que infelizmente não é seguida por todos - é trazer de volta todo o lixo que você produzir. Um saco plástico resistente deve ser seu companheiro de aventura. Não se esqueça, até mesmo uma ponta de cigarro é lixo.

Os preparativos devem incluir também um bom par de tênis, roupas leves, chapéu e protetor solar. Se tiver chovido alguns dias antes, não haverá problema de abastecimento d'água no percurso. Mas é bom levar seu próprio suprimento, para garantir.

Acorde cedo, para poder aproveitar o dia ao máximo e evitar o risco de uma caminhada de volta no escuro. Ir em grupo é mais divertido e mais seguro. Como o lugar é de difícil acesso, uma simples torção de tornozelo pode complicar o passeio do excursionista isolado.

Localização

Como chegar : Através de duas trilhas, uma com início na Praia do Matadeiro e outra com
início na comunidade da Praia do Pântano do Sul.

Distância da praia ao centro: 34 km

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